Em um setor em que os contratos são longos, os custos são complexos e as margens, muitas vezes, apertadas, reconhecer o momento exato em que uma receita deve ser contabilizada é decisivo. O método POC (Percentage of Completion), ou Percentual de Conclusão, é o padrão contábil utilizado para mensurar o desempenho financeiro de obras e empreendimentos em andamento.
GERIC: o que é, o que é analisado, como fazer?
Apesar de parecer apenas uma formalidade contábil, o POC é um instrumento estratégico de gestão. Ele define o resultado econômico da empresa em cada período e afeta diretamente indicadores como EBITDA, lucro líquido e carga tributária. E, quando mal aplicado, distorce balanços, prejudica decisões e compromete a credibilidade perante investidores e auditorias.
O que é o método POC
O POC é previsto pelo CPC 17 (Contratos de Construção) e reflete a execução financeira e física de um projeto. Em vez de apenas reconhecer toda a receita apenas ao final da obra, ele distribui o reconhecimento proporcionalmente ao andamento do contrato.
Em termos práticos, a receita e o custo são reconhecidos à medida que o projeto avança. Assim, se uma obra está 40% concluída, 40% da receita contratual e dos custos incorridos devem ser refletidos no resultado contábil daquele período.
O método, portanto, permite uma representação mais fiel da realidade operacional, eliminando, assim, saltos artificiais de receita e lucro entre períodos. Em um ambiente como o da construção civil, em que projetos duram anos, essa precisão é essencial para a gestão do fluxo de caixa e do planejamento tributário.
POC e CPC 17: o que a norma determina
O CPC 17, alinhado ao IFRS 15, define que a receita deve ser reconhecida quando o controle do ativo é transferido ao cliente — o que, em contratos de construção, ocorre de forma contínua. Portanto, o POC torna-se o critério mais adequado para mensurar o desempenho das empresas do setor.
Os principais métodos de mensuração de progresso aceitos pelo CPC 17 incluem:
- Medição física: baseada em relatórios técnicos de engenharia sobre a execução.
- Proporção de custos incorridos: compara custos já realizados com o total estimado do projeto.
- Etapas contratuais concluídas: para obras com marcos de entrega bem definidos.
Cada método, portanto, exige controles internos robustos e, além disso, alinhamento entre as equipes contábil, fiscal, de engenharia e de gestão de projetos.

Por que o POC é vital para a governança contábil
Empresas que não aplicam o POC corretamente acabam reconhecendo receitas antecipadas ou retardadas, o que afeta a transparência dos resultados. Em auditorias, essa distorção é frequentemente classificada como material, podendo gerar ressalvas nas demonstrações financeiras.
Além disso, o POC influencia diretamente:
- O planejamento tributário: o lucro contábil reconhecido impacta a base de IRPJ e CSLL.
- Os indicadores de rentabilidade: margens de lucro, EBITDA e ROI variam conforme o critério aplicado.
- A gestão de riscos e de contratos: o reconhecimento proporcional ajuda a antecipar desvios de orçamento e replanejar obras.
Portanto, a aplicação correta do POC não é apenas uma questão técnica, mas um mecanismo de governança e performance.
Os erros mais comuns na aplicação do POC
- Ausência de estimativas confiáveis de custo total da obra. Sem previsões realistas, o percentual de conclusão fica distorcido.
- Falta de integração entre contabilidade e engenharia. Muitas empresas não conciliam medições físicas com custos contábeis.
- Reconhecimento apenas pelo faturamento. Confundir nota fiscal emitida com progresso da obra é um dos erros mais graves.
- Ausência de revisão períodica das estimativas. O POC exige revisão constante conforme os custos reais são apurados.
Essas falhas, somadas, geram balanços distorcidos e podem até comprometer a credibilidade da empresa diante de investidores, bancos e órgãos fiscalizadores.
POC e impacto tributário
Do ponto de vista tributário, o reconhecimento de receitas pelo método POC é permitido, mas requer alinhamento entre a apuração contábil e fiscal. Para empresas no Lucro Real, por exemplo, a aplicação correta do POC influencia diretamente a base de cálculo do IRPJ e da CSLL.
A Receita Federal aceita o método, desde que a empresa mantenha documentação comprobatória e consistência entre as informações contábeis e fiscais. Já no Lucro Presumido, a prática de reconhecimento proporcional não se aplica, pois a tributação ocorre sobre o faturamento, independentemente do estágio de execução.
Portanto, o POC é especialmente relevante para empresas do Lucro Real, em que a apuração precisa refletir o desempenho econômico real do empreendimento.

Benefícios gerenciais do POC
Quando corretamente implementado, o POC oferece vantagens que vão muito além da conformidade contábil:
- Previsibilidade financeira: permite planejar fluxo de caixa e investimentos com base em resultados reais.
- Melhor controle de custos: facilita a identificação de desvios e desperdícios durante a obra.
- Integração contábil e gerencial: conecta o resultado contábil com o operacional, permitindo análises de performance mais precisas.
- Base sólida para auditoria e financiamentos: empresas com aplicação correta do POC têm maior credibilidade junto a investidores e instituições financeiras.
POC e o papel do CFO na construção civil
O CFO precisa tratar o POC como ferramenta de gestão, não apenas como uma obrigação contábil. O acompanhamento de indicadores como percentual de conclusão, custos incorridos, saldo contratual e variações de margem deve fazer parte do dashboard financeiro da empresa.
Com o POC integrado ao ERP e ao BI, o CFO passa a enxergar a performance de cada contrato em tempo real. Essa visibilidade possibilita agir antes que desvios de custo ou atraso em cronogramas se tornem problemas estruturais.
Boas práticas de implementação
- Mapeie os contratos: identifique quais estão sujeitos ao CPC 17 e quais podem seguir outros critérios.
- Revise o plano de contas: assegure que as contas de custo e receita permitam rastreabilidade por contrato.
- Padronize o critério de medição: defina se o progresso será medido por custo, medição física ou marcos contratuais.
- Automatize o processo: utilize o ERP para calcular o percentual de conclusão e gerar relatórios de acompanhamento.
- Audite periodicamente: revisões internas garantem consistência entre engenharia, fiscal e contabilidade.

POC e planejamento para 2026: o que muda com a CBS/IBS
O CFO que dominar essa integração entre POC, CBS/IBS e ERP estará à frente da curva. Afinal, o futuro da contabilidade na construção é digital, integrado e preditivo.
Como a Planning apoia empresas na aplicação do POC
A Planning é especialista em contabilidade para construção civil e aplicação do método POC em conformidade com o CPC 17. Nossa atuação combina:
- Auditoria interna e dupla revisão contábil-fiscal.
- Integração direta com ERPs (Protheus, SAP, Sankhya, entre outros).
- Relatórios gerenciais e dashboards em BI com indicadores de rentabilidade e progresso.
- Suporte técnico e tributário para garantir que a aplicação do POC esteja alinhada à realidade fiscal e de fluxo de caixa.
Nosso objetivo, portanto, é traduzir a técnica em performance. Empresas que aplicam o POC com precisão, assim, alcançam resultados mais previsíveis, margens mais reais e credibilidade ampliada junto ao mercado.
Conclusão
O POC é muito mais do que uma exigência contábil: é um reflexo da maturidade de gestão da empresa. Ao reconhecer receitas conforme o progresso real da obra, o CFO obtém uma visão precisa do desempenho, evita surpresas tributárias e fortalece a governança.
No fim, aplicar corretamente o POC é alinhar contabilidade e estratégia — e esse é exatamente o tipo de contabilidade que a Planning entrega: precisa, integrada e pensada para o crescimento de longo prazo.
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