Qual o papel das empresas para minimizar mudanças climáticas?


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Hugo Steinhoff

Por Hugo Steinhoff

Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),publicado no último dia 9 de agosto, aponta mudanças no clima globalmente.

De acordo com o relatório, as emissões de gases de efeito estufa das atividades humanas são responsáveis por aproximadamente 1,1° C de aquecimento desde 1850-1900. O levantamento aponta que, em média, nos próximos 20 anos, a temperatura global deve atingir ou ultrapassar 1,5° C de aquecimento.

Com 1,5° C de aquecimento global, a projeção é que haverá ondas de calor crescentes, estações quentes mais longas e estações frias mais curtas. Com 2° C de aquecimento global, a previsão é que os extremos de calor atingiriam mais frequentemente os limites de tolerância críticos para a agricultura e saúde, segundo o relatório. O levantamento destaca, porém, que o alcance vai além da temperatura. Inclui, por exemplo, mudanças na umidade e seca, nos ventos, neve e gelo, áreas costeiras e oceanos, bem como nos padrões de precipitação.

O relatório destaca que reduções fortes e sustentadas nas emissões de dióxido de carbono (CO 2) e outros gases de efeito estufa limitariam as mudanças climáticas, mas embora os benefícios para a qualidade do ar venham a surgir rapidamente, pode levar de 20 a 30 anos para que as temperaturas globais se estabilizem.

Reação
De acordo com o relatório, as ações humanas ainda têm o potencial de determinar o futuro curso do clima. O estudo pontua que a evidência é clara de que o dióxido de carbono (CO 2) é o principal impulsionador das mudanças climáticas, mesmo que outros gases de efeito estufa e poluentes atmosféricos também afetem o clima.

Em material de divulgação do relatório, o copresidente do Grupo de Trabalho I do IPCC, Panmao Zhai, destaca que a estabilização do clima exigirá “reduções fortes, rápidas e sustentadas” nas emissões de gases de efeito estufa e alcançar emissões líquidas zero de CO 2. Também mencionou que limitar outros gases de efeito estufa (GEE) e poluentes do ar, especialmente o metano, pode trazer benefícios tanto para a saúde quanto para o clima.

Emissão de gases de efeito estufa no Brasil
Dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG),divulgados pelo Observatório do Clima em novembro do ano passado, mostram que as emissões brasileiras de gases de efeito estufa subiram 9,6% em 2019, com o lançamento na atmosfera 2,17 bilhões de toneladas brutas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e),contra 1,98 bilhão em 2018.

De acordo com o levantamento do SEEG, as emissões em 2019 foram puxadas pelas mudanças de uso da terra e florestas, seguidas pelas atividades de agropecuária, energia, processos industriais e resíduos (veja o gráfico abaixo).

Qual o papel das empresas para minimizar mudanças climáticas?
Fonte: https://plataforma.seeg.eco.br/total_emission#
Acessado em 23/08/2021

Ações para reduzir emissões de GEE
Catálogo lançado em 20 de agosto de 2021 pelo Observatório do Clima traz uma lista de 87 ações práticas que podem ser adotadas imediatamente por prefeituras e sociedade em todo o Brasil para reduzir as emissões de gases de efeito estufa nos municípios. É necessário que as empresas também se comprometam com ações nesse sentido.

Denominado de SEEG Soluções, o catálogo está disponível para consulta no site do SEEG (seeg.eco.br) e foi construído a partir do diagnóstico das emissões dos 5.570 municípios do Brasil realizado neste ano pelo SEEG.

A publicação apresenta soluções para os principais setores e subsetores responsáveis por emissões de gases de efeito estufa no Brasil: energia elétrica, transporte, mudança de uso da terra, agropecuária e resíduos.

No caso da agropecuária, por exemplo, são ao todo 16 propostas, que buscam disseminar e consolidar a utilização de práticas e tecnologias conservacionistas de baixas emissões nos sistemas produtivos, com a promoção de mitigação e adaptação frente às mudanças climáticas. Entre as ações sugeridas para o setor estão a instituição do programa municipal de pagamento por serviços ambientais (PSA) e a realização de ações de assistência técnica e extensão rural (ATER).

Para resíduos há 20 propostas. Entre elas, a implementação de um programa de coleta seletiva, promovendo a coleta de resíduos em três frações (orgânico, seco e rejeito) e a análise do mercado de absorção de recicláveis e estímulo ao uso de resíduos recicláveis como insumo industrial.

Exigências da sociedade
No contexto das boas práticas de ESG (Environmental, Social and Governance) a sociedade, investidores, analistas, entre outros, têm acompanhado e exigido das empresas mudanças da forma de cuidado com o meio ambiente.

Compromisso Planning
Na Planning implantamos pontos de coleta para dispensa adequada de equipamentos eletrônicos, plásticos, papéis, metais. Nossos colaboradores são incentivados a realizarem o descarte adequado nesses locais e os itens recicláveis são doados e coletados por ONGs que atuam com reciclagem. Também passamos a distribuir anualmente aos nossos colaboradores árvores para serem plantadas.

Além disso, incentivamos nossos clientes a manterem boas práticas de sustentabilidade e priorizamos a contratação de fornecedores e prestadores de serviços que valorizem essa prática.

O incentivo ao trabalho home office, ao menos em um dia na semana, é outra medida possível para variados ambientes profissionais e que ajuda na redução de consumo de combustível, e, consequentemente, na emissão de gases de efeito estufa.

Esses são exemplos de medidas simples que podem ser adotadas por empresas de qualquer setor. Ao considerar portes e segmentos diversos e suas especificidades, as possibilidades de ações, e inclusive dever legal para minimizar impactos negativos para o meio ambiente, clima, são variadas e iniciativas como o catálogo do SEEG podem contribuir para adoção dessas soluções.

Hugo Steinhoff é sócio da Planning, bacharel em Direito e especialista em Legislação Trabalhista e eSocial


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