Gestão de riscos
Levantamento realizado com representantes de negócios de médio e grande porte do Centro-Oeste mostra ainda que mais de 50% dos executivos não utilizam o mecanismo como uma ferramenta de gestão
Pesquisa realizada pela Planning revela que 47,1% das empresas não possuem política formal para gerenciamento de riscos e que 56,3% dos executivos não utilizam o mecanismo como uma ferramenta de gestão. O levantamento considera respostas de 69 representantes de companhias de médio e grande porte do Centro-Oeste, a maioria, 78,9%, do Estado de Goiás.
Entre aqueles que responderam à pesquisa, 15,5% disseram que a empresa não estaria preparada se, por algum motivo, ocorrer um risco com impacto relevante nos negócios; 46,5% afirmaram que “talvez” e 38% asseguraram ter essa preparação. Para a maioria dos entrevistados (64,5%) em que a empresa não possui gerenciamento de riscos, o principal desafio para implementá-lo é a ausência de cultura de gestão de riscos.
Coordenador do estudo, o sócio da PlanningMarcelo Aquino destaca que utilizar a gestão de riscos como uma ferramenta na tomada de decisões “é condição imperiosa para reduzir e/ou evitar possíveis perdas relevantes decorrentes dos diversos riscos que uma empresa está sujeita”.
Na pesquisa, o risco de mercado foi apontado pelos entrevistados como o de maior importância para os negócios, seguidos dos riscos de crédito e de imagem. No entanto, questionados se a administração tem uma dimensão adequada dos riscos que a empresa está exposta, 60,6% informaram que apenas parcialmente, 4,2% afirmaram que não e 35,2% revelaram que sim.
O tema gerenciamento de riscos, porém, já é discutido pela alta administração de 97,2% das empresas pesquisadas. A frequência mais informada foi “às vezes”, com 43,7% das respostas, seguida pela discussão mensal (28,2%),sempre (18,3%) e anualmente (7,0%).
Das companhias pesquisadas, 49,3% informaram que o processo de gerenciamento de riscos é liderado pela diretoria, 12,7% afirmaram ter um comitê específico criado com esse propósito, 11,3% disseram que a função fica a cargo do conselho de administração, 8,5%, com a controladoria e também 8,5% responderam que a posição é assumida pelo acionista controlador. Relataram não ter ninguém responsável pela função 9,9% dos respondentes.
Marcelo Aquino, que é contador, com experiência de mais de 30 anos em auditoria independente, informa que no processo de gerenciamento de riscos não é necessária nenhuma ferramenta extraordinária, mas alguns passos são importantes para ajudar na tomada de decisão. Um dos primeiros, segundo o sócio da Planning, é mapear os principais riscos, incluindo os improváveis. Na sequência, ele cita a necessidade de quantificar os possíveis impactos de perda e a probabilidade de ocorrência. Depois: decidir aceitar, reduzir ou evitar os riscos mapeados; implementar controles para mitigá-los e monitorar os riscos frequentemente. “De posse desses dados os administradores poderão tomar decisões mais assertivas em relação a execução da sua estratégia e os riscos envolvidos”, ressalta Aquino.
Impacto da Covid-19
A pesquisa realizada pela Planning também identificou o impacto da pandemia de Covid-19 na administração das empresas. Para 35,2% refletiu no reforço da política de gerenciamento de riscos. Outros 15,5% disseram que foi implementada uma política de gerenciamento de riscos e 15,5% responderam que estão estudando a adoção da medida.
Afirmaram continuar sem qualquer política de gerenciamento de riscos 11,3%, e 22,5% citaram que o assunto ainda não está na pauta da administração.
O levantamento foi realizado em março deste ano. Do total de entrevistados, 73,7% possuem cargos de liderança.