Por Daniel de Faria
Em meio a um cenário de transformação digital nas empresas, mudança nos modelos de negócios, adoção de novas tecnologias, como o Blockchain, entre outros, cresce a necessidade de se ter uma informação contábil capaz de contribuir com tomadas de decisões mais assertivas.
Nesse contexto, é fundamental que as demonstrações contábeis tenham: relevância, o que implica em ser capaz de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários; materialidade, se sua omissão ou sua divulgação distorcida puder influenciar razoavelmente decisões que os usuários tomam; e que também sejam fidedignas, que compreende ser completa, neutra e livre de erro.
Para alcançar essas metas é desejável que as demonstrações tenham adicionalmente características de comparabilidade, algo que permite os usuários identificar e compreender similaridades dos itens e diferenças entre eles; verificabilidade, que ajuda a assegurar que a informação representa fidedignamente o fenômeno econômico que se propõe representar; tempestividade, ou seja, ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões; e compreensibilidade, o que pode ser alcançado ao classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão.
No entanto, o que temos visto em muitas empresas é apenas foco na “gestão do caixa”; gestores, executivos e empreendedores dando pouca ou nenhuma importância à contabilidade; falta de conhecimento sobre a real situação financeira e patrimonial da empresa e sobre conceitos básicos da contabilidade; práticas contábeis inadequadas; números contábeis diferentes do “gerencial”; índices baseados em informações contábeis que não conhecem; entre outros.
Esse cenário implica em perda de relevância da informação contábil, principalmente nas pequenas e médias empresas, e faz com que a contabilidade, em muitos casos, seja vista apenas como um “mal necessário”, o que é um grande erro.
Considerando que a contabilidade reduz a assimetria informacional entre a empresa e os interessados por ela, faz-se necessário adotar passos importantes, como:
– Aplicação integral das normas de contabilidade,
– Melhorar a qualidade da informação,
– Demonstrar os benefícios das informações aos clientes e gestores,
– Automatizar os processos feitos em bases repetidas,
– Propor a discussão de insights relevantes, visto que indicadores tradicionais provavelmente não terão importância na tomada decisão,
– Estabelecer junto com a administração indicadores de relevância e que demonstrem a geração de valor aos acionistas, como o EVA (Economic Value Added, ou seja, valor econômico agregado),
– Estar um passo à frente das necessidades do cliente e da empresa.
Ao aplicar esses passos, entre outros, são esperadas uma maior relevância nas informações contábeis e a valorização dos usuários.
Daniel de Faria é sócio da Planning, contador e auditor independente